sábado, 13 de junho de 2009

Não é só a variação percentual que vale.

Quando se entra em um negócio o objetivo principal é ganhar dinheiro. Claro respeito às leis a aos princípios éticos são essenciais, mas o princípio básico é o lucro. Não poderia ser diferente.
Às vezes vejo amigos meus segurarem operações perdedoras como forma de "aprendizado"; um certo "preço a pagar" ou "investimento" para quando o papel virar.
O mercado financeiro dá ótimas oportunidades de se ganhar dinheiro sem desrespeitar a lei (basta pagar o imposto de renda no mês que se vender mais de R$20.000,00) e dentro da ética pois é impossível prejudicar alguém, exceto a si mesmo, dando ordens de compra e venda a partir de um terminal de computador (claro que sempre existirão os fraudadores mas não são a regra).
Eu entrei nesse negócio para ganhar dinheiro. Tá certo que dificilmente um dia vou viver disso, mas não aceito perdas como forma exclusivamente de "aprendizado". O aprendizado é diário com ganhos (de preferência grandes) e perdas (obrigatoriamente pequenas). Por isso, não seguro operação perdedora, mantenho meus stops e raramente mudo a estratégia. Digo raramente porque ainda me pego fazendo operações baseadas na emoção e confesso que é muito difícil controlar o dedo em alguns momentos. Mas o importante é o esforço diário de manter o autocontrole.
Mas qual o sentido do título acima? Quem acompanha com frequência o blog deve ter notado que só opero (e os papéis que discuto aqui são os que eu opero) papéis que tenham preços de pelo menos dois dígitos e de preferência com preços acima de R$15,00. Outra regra minha (cada um tem as suas) é operar papéis de boa liquidez pois sem liquidez a manipulação fica mais fácil.
Porque essas regras? Alguns vão dizer que é mais fácil um papel que custa R$1,5 subir para R$15,00 do que um de R$15,00 ir a R$150,00. Seria a mesma variação percentual. É verdade, mas o custo de comprar 100 ações a R$15,00 é menor do que comprar 1000 ações a R$1,50. Além disso, preços menores são mais sussetíveis a especuladores e geralmente os stops ficam muito longe percentualmente (mesmo que sejam de centavos). Ás vezes, vejo alguém dizer que um papel que é negociado a R$2,00 subiu 5% em um dia e gerou bom lucro. Será?
Se você puser no papel a corretagem, o preço inicial, o preço que você pagou, a corretagem de venda e o preço que você vendeu, além do imposto, esse lucro some.
Exemplo matemático:
VALE5: Compra de 100 ações: setup de entrada R$33,00, stop R$32,59 (menor que 2%) e target em R$37,00
com corretagem: preço de compra final R$33,30 (+1%) e preço final de venda R$36,60 (-1,1%)

Se você comprar a R$33,10, o preço final é quase o mesmo, igualmente se você vender a R$36,85. O lucro final será de R$330,00.

ABYA3: setup de entrada R$2,44, stop R$2,16 (mais de 10%) e target R$2,80 (quase 20%)
Analise os riscos desta operação. Se você for comprar os mesmos R$3300 de vale tem que comprar 1500 ações. Se você for estopado a perda é de cerca de R$300,00 fora as taxas e se alcançar o seu target você ganhará R$382,00 (considerando os custos de corretagem em 1% para cada operação). Apenas R$30,00 a mais do que em uma operação com vale5 que tem muito mais liquidez.
Além disso, se você comprar por 2 centavos a mais e vender por 2 centavos a menos o impacto financeiro final será muito maior na segunda operação.
Complexo não? Um pouco, mas experimente fazer uma planilha e colocar a coluna de compras e vendas só com os valores finais que saíram na compra e entraram na venda. Coloque tudo, inclusive a corretagem e faça as contas.
Porcentagem é bonito, mas o que vale é dinheiro no bolso.
Bom final de semana

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